Estava precisando fazer uma faxina em mim…
Jogar alguns pensamentos indesejados fora,
lavar alguns tesouros que andavam meio enferrujados.
Tirei do fundo das gavetas lembranças que não uso e não quero mais.
Joguei fora alguns sonhos,
algumas ilusões.
Papéis de presente que nunca usei,
sorrisos que nunca darei;
joguei fora a raiva e
o rancor das flores murchas que estavam dentro de um livro que não li.
Olhei para meus sorrisos futuros
e minhas alegrias pretendidas
e as coloquei num cantinho,
bem arrumadinhas, com bastante cuidado.
Tirei tudo de dentro do armário e fui jogando no chão:
paixões escondidas,
desejos reprimidos,
desejos reprimidos,
palavras que nunca queria ter dito,
mágoas,
lembranças de um dia triste.
Mas lá também havia coisas e boas.
Aquela lua cor de prata,
um pôr do sol,
uma música.
Fui me encantando e me distraindo,
olhando para cada uma daquelas lembranças.
Aí, sentei no chão, para poder fazer minhas escolhas.
Joguei direto no saco de lixo os restos daquilo que pensei ser amor;
peguei palavras cheias de mágoas que estavam na prateleira de cima,
e também joguei fora, no mesmo instante.
Outras coisas que ainda me ferem,
coloquei num canto para depois ver o que farei com elas,
talvez as mande para o lixão.
Aí, fui naquele cantinho,
naquela gaveta que a gente guarda tudo o que é mais importante:
o AMOR,
a ALEGRIA,
os SORRISOS
e a FÉ.
Arrumei com carinho o AMOR ENCONTRADO,
dobrei direitinho os DESEJOS,
coloquei perfume na ESPERANÇA,
passei um paninho na prateleira das MINHAS METAS,
deixei-as à mostra, para não perdê-las de vista.
Coloquei nas prateleiras de baixo algumas lembranças da infância,
na gaveta de cima as da minha juventude e,
pendurado bem à minha frente,
COLOQUEI A MINHA CAPACIDADE DE AMAR E DE RECOMEÇAR.
(Carlos Fávaro Fanta)