quinta-feira, 24 de junho de 2010

LEMBREI-ME HOJE DE FERNANDO PESSOA....


Eu amo tudo o que foi,
Tudo o que já não é,
A dor que já me não dói,
A antiga e errônea fé,
O ontem que dor deixou,
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia.

ESSE POEMA É DE UM GRANDE AMIGO - LA

ANIMAL



Animalescamente tenho ganas de escrever
Rosnando e mordendo as palavras
Como um cão sem cor
E a raiva estampada nas letras
Grosseiras e indizíveis
Indeléveis tangências de guri
Que escorrega no poema
Grita com sua musa obtusa
Resvala nos embalos e diálogo
Faz do monólogo a sua dança
Como embrenhar no mato buscando rios
Que entranham no ar
O sabor das flores
A muito escondidas nas vagas vozes
Que me silenciam neste rasgar de verbos
Me refiro ao nada
O intangível e o distorcido olhar que não dou
Nem a alguém espelhado em mim
Nem a ti
Para puramente dizer não, querendo o sim
Mesmo sem saber o que fazer com ela
A palavra que se perde
Nos poemas e pernas e seios das loucas louras
Que ladeiam este ser ladino absorto em versos
Que recolho dispersos nas cálidas folhas
Reflexos de momentos rasos distanciados de mim
Trazendo de dentro as palavras rotas e indispensáveis
Querendo despejá-las em ti
Para te fartar em mim.

terça-feira, 22 de junho de 2010

VINÍCIUS DE MORAES

Soneto de Fidelidade

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

domingo, 20 de junho de 2010

CLARICE LISPECTOR