quinta-feira, 24 de outubro de 2013

EU QUE ME AGUENTE COMIGO


Contudo, contudo, 
Também houve gládios e flâmulas de cores 
Na Primavera do que sonhei de mim. 
Também a esperança 
Orvalhou os campos da minha visão involuntária, 
Também tive quem também me sorrisse. 
Hoje estou como se esse tivesse sido outro. 
Quem fui não me lembra senão como uma história apensa. 
Quem serei não me interessa, como o futuro do mundo. 

Caí pela escada abaixo subitamente, 
E até o som de cair era a gargalhada da queda. 
Cada degrau era a testemunha importuna e dura 
Do ridículo que fiz de mim. 

Pobre do que perdeu o lugar oferecido por não ter casaco limpo com que aparecesse, 
Mas pobre também do que, sendo rico e nobre, 
Perdeu o lugar do amor por não ter casaco bom dentro do desejo. 
Sou imparcial como a neve. 
Nunca preferi o pobre ao rico, 
Como, em mim, nunca preferi nada a nada. 

Vi sempre o mundo independentemente de mim. 
Por trás disso estavam as minhas sensações vivíssimas, 
Mas isso era outro mundo. 
Contudo a minha mágoa nunca me fez ver negro o que era cor de laranja. 
Acima de tudo o mundo externo! 
EU QUE ME AGUENTE COMIGO E COM OS COMIGOS DE MIM. 
Álvaro de Campos
Hoje é aniversário de uma pessoa muito querida e amiga desde os 13 anos de idade, porque temos a mesma idade, com diferença de 12 dias...Amiga essa que o destino nos fez separar aos 20 e poucos anos, eu para Umuarama/PR e ela para São Paulo/SP, e acreditem a gente se reencontrou depois de todos esses anos, e nossa amizade de adolescência parece que não cresceu, quando juntas voltamos a ser as meninas do colegial! Amo-te muito eterna "pintadinha" (como dizia meu pai, tomou sol de peneira é kkkk) Feliz aniversário e que Deus continue abençoando-a hoje e sempre, minha querida Solange Marques...


quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Gente fina é aquela que é tão especial que a gente nem percebe se é gorda, magra, velha, moça,loira, morena, alta ou baixa. 
Ela é gente fina, ou seja, está acima de qualquer classificação. 
Todos a querem por perto. 
Tem um astral leve, mas sabe aprofundar as questões, quando necessário. 
É simpática, mas não bobalhona. 
É uma pessoa direita, mas não escravizada pelos certos e errados: 
sabe transgredir sem agredir. 
Gente fina é aquela que é generosa,
 mas não banana. 
Te ajuda, mas permite que você cresça sozinho.
 Gente fina diz mais sim do que não, 
e faz isso naturalmente, não é para agradar. 
Gente fina se sente confortável em qualquer ambiente: num boteco de beira de estrada 
e num castelo no interior da Escócia.
 Gente fina não julga ninguém - tem opinião, apenas.
 Um novo começo de era, com gente fina, elegante e sincera.
 O que mais se pode querer? 
Gente fina não esnoba, não humilha, não trapaceia,
 não compete e, como o próprio nome diz, não engrossa.
 Não veio ao mundo pra colocar areia no projeto dos outros. 
Ela não pesa, mesmo sendo gorda, e não é leviana, mesmo sendo magra.
Gente fina é que tinha que virar tendência. 
Porque, colocando na balança, é quem faz a diferença.

Martha Medeiros.

QUERO...


JOSÉ SARAMAGO...

"A viagem não acaba nunca. 
Só os viajantes acabam. 
E mesmo estes podem prolongar-se em memória, 
em lembrança, em narrativa. 
Quando o visitante sentou na areia da praia e disse: “Não há mais o que ver”, saiba que não era assim. 
O fim de uma viagem é apenas o começo de outra. 
É preciso ver o que não foi visto, 
ver outra vez o que se viu já, 
ver na primavera o que se vira no verão, 
ver de dia o que se viu de noite, 
com o sol onde primeiramente a chuva caía, 
ver a seara verde, o fruto maduro, 
a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. 
É preciso voltar aos passos que foram dados,
 para repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles.
 É preciso recomeçar a viagem. 
Sempre."

Quando nos apaixonamos, ou estamos prestes a apaixonar-nos, qualquer coisinha que essa pessoa faz – se nos toca na mão ou diz que foi bom ver-nos, sem nós sabermos sequer se é verdade ou se quer dizer alguma coisa — ela levanta-nos pela alma e põe-nos a cabeça a voar, tonta de tão feliz e feliz de tão tonta.
E, logo no momento seguinte, larga-nos a mão, vira a cara e espezinha-nos o coração, matando a vida e o mundo e o mundo e a vida que tínhamos imaginado para os dois. 
Lembro-me, quando comecei a apaixonar-me pela Maria João, da exaltação e do desespero que traziam essas importantíssimas banalidades. 
Lembro-me porque ainda agora as senti. 
Não faz sentido dizer que estou apaixonado por ela há quinze anos. 
Ou ontem. 
Ainda estou a apaixonar-me.
Gosto mais de estar com ela a fazer as coisas mais chatas do mundo do que estar sozinho ou com qualquer outra pessoa a fazer as coisas mais divertidas. 
As coisas continuam a ser chatas mas é estar com ela que é divertido. 
Não importa onde se está ou o que se está a fazer. 
O que importa é estar com ela. 
O amor nunca fica resolvido nem se alcança. 
Cada pormenor é dramático. 
De cada um tudo depende. 
Não é qualquer gesto que pode ser romântico ou trágico. 
Todos os gestos são. 
Sempre. 
É esse o medo. 
É essa a novidade. 
É assim o amor. 
Nunca podemos contar com ele. 
É por isso que nos apaixonamos por quem nos apaixonamos. 
Porque é uma grande, bendita distração vivermos assim. Com tanta sorte.

Miguel Esteves Cardoso, in ‘Jornal Público (14 Fev 2012).
"foi tudo muito súbito
tudo muito susto
tudo assim como a resposta
fica quando chega a pergunta
esse isso meio assunto
que é quando a gente está longe
e continua junto”

Paulo Leminski

DELÍCIA ISSO E SUAS MINEIRICES...

O certo era a gente estar sempre brabo de alegre, 
alegre por dentro, 
mesmo com tudo de ruim que acontecesse, 
alegre nas profundezas. 
Podia? 
Alegre era a gente viver devagarinho,
 miudinho, não se importando demais com coisa nenhuma.

Guimarães Rosa.

BEM POR AI...SE CONCLUIR PERDE A GRAÇA E O BRILHO...


CHUVA EM CASA EM 21 DE OUTUBRO


terça-feira, 22 de outubro de 2013


Um dia, perguntei para o psiquiatra: sou bipolar? 
Ele me disse: de bipolar você não tem nada. 
Você é sincera e tem sentimentos intensos. 
E me explicou a origem da palavra sincera, que vem do latim e significa “sem cera”. Antigamente, carpinteiros e escultores usavam cera para disfarçar os defeitinhos de esculturas e móveis de madeira. 
Então, eles lixavam, passavam verniz 
e tudo ficava aparentemente perfeito e em ordem. 
O aspecto das peças era magnífico. 
Com o passar do tempo, do frio, calor e uso, a cera ia se desmanchando 
e os defeitos iam ganhando vida. 
Sinceridade é “sem cera”, ou seja, 
sem máscaras, sem retoques, 
sem querer ser o que não é. 
Achei bonita a explicação dele. E triste. Dói ser “sem cera”.

Clarissa Corrêa.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013



LEMINSKI


Tem horas que é caco de vidro
Meses que é feito um grito
Tem horas que eu nem duvido
Tem dias que eu acredito.



DOMINGO DE MANHÃ...

Ser acordada por um bom dia seu, 
apesar da diferença do fuso horário,
é como que se os pássaros 
que ainda cantam em minha janela 
saudassem a nós e aos nossos quereres...

domingo, 20 de outubro de 2013

Acrescentada

Eu mudei.

Não só porque eu quis, porque pediram ou porque é bonito. 

Mudei por necessidade, por sobrevivência.

 Pouca coisa dura e quase nada prevalece. 

E tudo que se vai, meu bem, nem sempre volta. 

Nem mesmo os que prometeram ficar. 

Eu tive que mudar pra aprender a me acostumar com as fases constantes da vida..

Principalmente com esse entra e sai de gente que você não sabe se vai ficar um dia ou uma eternidade.