quinta-feira, 24 de junho de 2010

ESSE POEMA É DE UM GRANDE AMIGO - LA

ANIMAL



Animalescamente tenho ganas de escrever
Rosnando e mordendo as palavras
Como um cão sem cor
E a raiva estampada nas letras
Grosseiras e indizíveis
Indeléveis tangências de guri
Que escorrega no poema
Grita com sua musa obtusa
Resvala nos embalos e diálogo
Faz do monólogo a sua dança
Como embrenhar no mato buscando rios
Que entranham no ar
O sabor das flores
A muito escondidas nas vagas vozes
Que me silenciam neste rasgar de verbos
Me refiro ao nada
O intangível e o distorcido olhar que não dou
Nem a alguém espelhado em mim
Nem a ti
Para puramente dizer não, querendo o sim
Mesmo sem saber o que fazer com ela
A palavra que se perde
Nos poemas e pernas e seios das loucas louras
Que ladeiam este ser ladino absorto em versos
Que recolho dispersos nas cálidas folhas
Reflexos de momentos rasos distanciados de mim
Trazendo de dentro as palavras rotas e indispensáveis
Querendo despejá-las em ti
Para te fartar em mim.

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