sexta-feira, 22 de outubro de 2010

DE VOCÊ PARA MIM

Minha amiga,

Os dias não foram tão favoráveis a nós...
Como mulheres, trabalhamos muito,
ocupamos preciosa parte de nosso tempo
ao desenvolver de nossas mentes,
e conturbamo-nos com problemas que pareciam periféricos.
Por nos dedicar demais ao profissionalismo,
relegamos nossa própria vida,
e com ela o cuidado mais atento daqueles que nos rodeavam;
 por viagens, deixamos nossos filhos
ao acalento de braços estranhos,
e não o beijamos quantos das
incontáveis vezes seria necessário...
Mas, enfim, essa falta não impediu
que os filhos crescessem amorosos
e centrados, isto porque a genética era boa...
Porém, quanto a nós,
o intelecto sobrepujou a doçura de sermos mulheres,
concedeu-nos a independência
que além da igualdade que queríamos
e até a desigualdade positiva amealhada pela superação,
nos colocou aos olhos da sociedade
como verdadeiros soldados,
pra não dizer sargentos de nossas próprias vidas.
Ficamos firmes e fortes, e com isso,
foi-se nos nossos homens
o sentimento de protecionismo que milenarmente
estavam preparados para nos dar,
incutindo-lhe o desafio da competição.
No seu caso, a batalha foi travada com os baixos golpes
de tentar diminuir o inimigo,
tentando-lhe retirar as forças
o fazendo acreditar que não fosse tão absoluto.
Em alguma coisa você não seria perfeita, e,
nisso, frente ao seu rival parceiro,
você ao menos abaixaria o placar em seu favor.
Quanto a mim, todavia,
a competição era mais suja,
pois o opositor utilizou-se de artifícios mendazes,
ludibriou minhas idéias,
e criou um engodo dentro de minha própria casa.
A humilhação veio como resultado de uma luta
que durou por mais de 10 (dez) anos.
No entanto, juntados os fragmentos do final da batalha,
o coração apertado e alma judiada
não permitiu que nos fosse retirada a essência;
transcendemos com a mente mais vivaz;
não nos roubaram as idéias,
e a nossa inteligência e paixão pelo saber
resplandeceu mais firme que outrora.
Somos senhoras de si,
com capacidade destacada dentre nossas irmãs, e,
por isso, somos vitoriosas.
Caímos e levantamos; não apenas por esta vez,
mas por todas quantas forem necessárias.
E, assim, não precisamos ter medo de arriscar,
de viver e de sonhar;
podemos seguir o nosso destino de pequenas formigas,
mas sem deixar de procurar o alimento
pra nossas carências afetivas,
pois o serviço que nos ocupa a mente,
nos deixa livre o coração
e não nos retira a condição de mulheres;
femininas, corajosas, mas também ternas...
Pensemos apenas que merecemos o melhor,
e que a lição nos faça mais seletivas,
para que a mente não se sucumba ante ao domínio do coração,
e assim continuemos nosso caminho,
centradas em nossos propósitos...
Muito boa sorte pra você e um incomparável ano novo...

Da Marta para a Irene (Dez/2007)

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